The Theosophical Society,
Escritas
Teosóficas da Lingua Portuguese
Escritas do C W Leadbeater
Charles
Webster Leadbeater
(1858
– 1934)
Um
Manual de Teosofia
Reencarnação
Esta vida do Ego em seu próprio mundo, que é tão gloriosa e tão
plenamente
satisfatória para o
homem desenvolvido, tem uma parte muito pequena na vida da pessoa comum, pois
no seu caso o Ego ainda não atingiu um estágio de
desenvolvimento suficiente
para estar desperto em seu corpo causal. Em
obediência à lei da
natureza ele se recolheu para dentro do corpo causal, mas ao
fazer isso
perdeu a sensação de vida intensa, e o incansável desejo de sentir
isso uma vez
mais o empurra na direção de outra descida à matéria.
Este é o esquema de evolução indicado para o homem no presente
estágio – que ele se desenvolva pela descida à matéria densa, e então ascenda
para trazer de volta a si mesmo o resultado das
experiências assim obtidas. Sua vida real, portanto, abrange
milhões de anos, e o que temos o hábito de chamar de uma vida é só um dia nesta
existência maior. De fato, é apenas uma pequena parte de um dia, pois uma
vida de setenta anos no mundo físico é freqüentemente seguida por um período de
vinte vezes esta duração passado nas esferas mais altas.
Cada um de nós tem uma longa série destas vidas físicas atrás de
si, e o homem
comum ainda tem
uma série bem longa delas à sua frente. Cada uma delas é um dia na escola. O Ego veste sua roupa de carne e entra na escola do mundo físico para aprender certas lições. Ele
as aprende, ou não, ou aprende em parte, conforme o caso, durante
o seu dia escolar de vida terrena; então ele depõe sua vestimenta de carne e
retorna para casa em seu próprio nível para descansar e renovar-se.
Na manhã de cada nova vida ele retoma novamente sua lição do
ponto onde ele a deixou na noite passada. Algumas
lições ele pode ser capaz de aprender em um dia, enquanto outras podem lhe
tomar muitos dias.
Se ele é um aluno capaz e aprende rápido o que é preciso, se ele
obtém uma noção inteligente das regras das escola, e se dá ao trabalho de
adaptar sua conduta a elas, sua vida escolar é comparativamente curta, e quando
acaba ele prossegue plenamente equipado para a vida real dos mundos superiores
para os quais este é só uma preparação. Outros Egos são meninos mais
preguiçosos que não aprendem tão rápido; alguns deles não entendem as regras da
escola, e por causa desta ignorância estão constantemente infringindo-as;
outros são travessos, e mesmo quando vêem as regras não podem conduzir-se de
pronto para agir em harmonia com elas. Todos estes têm
uma vida escolar mais longa, e por suas próprias ações atrasam sua entrada na
vida real dos mundos superiores.
Pois esta é uma escola em que nenhum aluno jamais falha; cada um
deve chegar até o final. Ele não tem escolha quanto isso; mas a extensão de
tempo que levará na qualificação de si mesmo para os
exames superiores é deixada inteiramente a seu critério. O aluno prudente,
percebendo que a vida escolar não é uma coisa em si, mas só uma preparação para
uma vida mais gloriosa e muito mais vasta, esforça-se para compreender tão
completamente quanto possível as regras de sua escola, e modela sua vida de
acordo com elas o mais que puder, de modo que nenhum tempo possa ser perdido no
aprendizado de quaisquer lições que forem necessárias.
Ele coopera inteligentemente com os Instrutores, e dispõe-se para
realizar o máximo de trabalho que lhe for possível, a fim de que o mais cedo
possível ele possa chegar à maioridade e entrar em seu reino
A Teosofia explica-nos as leis sob as quais esta vida escolar
deve ser vivida, e
neste sentido dá
uma grande vantagem aos seus estudantes. A primeira grande
lei é a da evolução. Cada homem tem de se tornar um homem perfeito,
desenvolver até ao máximo grau as divinas possibilidades que jazem latentes em
si, pois este desenvolvimento é o objetivo de todo o
A segunda grande lei sob a qual
esta evolução está tendo lugar é a lei de causa
e efeito.
Não pode haver nenhum efeito sem sua causa, e cada
causa deve produzir seu efeito. Não são de fato duas, mas
uma só, pois o efeito é realmente parte da causa, e aquele que põe em movimento
uma aciona também a outra.
Não existe na Natureza nenhuma idéia tal
A mesma lei atua tanto no mais alto
aqui, o ângulo
de reflexão é sempre igual ao ângulo de incidência. É uma lei da
mecânica que a ação
e a reação sejam equivalentes e opostas. Na matéria quase
infinitamente mais fina
dos mundos superiores a reação não é de modo algum
sempre
instantânea; pode se distribuir algumas vezes por longos períodos de
tempo, mas
retorna inevitável e exatamente.
Assim
também a lei mais
elevada de acordo com a qual o homem que envia um bom
pensamento ou empreende uma boa ação recebe o bem em troca,
enquanto que o homem que envia um mau pensamento ou faz uma ação má recebe o
mal em retorno com igual precisão – uma vez mais, de modo nenhum como uma
recompensa ou punição administrados por alguma vontade externa, mas
simplesmente como o resultado mecânico e definido de sua própria atividade. O
homem aprendeu a apreciar um resultado mecânico no
mundo físico, porque a reação é usualmente quase imediata e pode ser vista por
ele. Ele não entende sempre a reação nos mundos superiores porque aquela faz um
percurso muito mais largo, e freqüentemente
A ação desta
lei traz a explicação para diversos problemas da vida comum. Ela
importa para os
diferentes destinos da vida comum. Importa para os diferentes
destinos impostos
sobre as pessoas, e também para as diferenças das próprias
pessoas. Se um homem é inteligente em certa direção e outro é incapaz, é
porque em uma vida anterior o inteligente devotou muito esforço praticando
naquela direção especial, enquanto que o incapaz o está tentando pela primeira
vez. O gênio e a criança precoce são exemplos não do favoritismo de
alguma deidade, mas do resultado produzido por vidas anteriores de aplicação.
Todas as variadas circunstâncias que nos rodeiam são o resultado de nossas
próprias ações no passado, precisamente
Há, contudo, um certo ajuste ou
dosamento destes efeitos. Ainda que a lei seja
uma lei
natural e mecânica em sua operação, não obstante existem certos grandes Anjos
que estão ligados à sua administração. Eles não podem mudar sequer numa grama a
quantidade de resultado que decorre de qualquer ação ou pensamento, mas podem dentro de certos limites apressar ou atrasar sua
ação, e decidir de que forma será.
Se isso não fosse feito haveria pelo menos a possibilidade de que
nos estágios
primitivos o homem
pudesse errar tão seriamente que o resultado de seu erro
pudesse ser mais
do que ele pudesse suportar. O
constrangido pelo
resultado de suas ações anteriores. Quando o homem vai
aprendendo a usar seu
livre arbítrio, mais e mais dele lhe é confiado, de modo
que ele
adquire para si praticamente ilimitada liberdade na direção do bem, mas
seu poder de
agir mal é estritamente restringido. Ele pode progredir tão rápido
quanto quiser,
mas não pode destroçar sua vida em sua ignorância. Nos primeiros estágios da
vida selvagem do homem primitivo é natural que houvesse no todo mais mal do que
bem, e se o resultado integral de suas ações retornasse de uma só vez sobre o
homem ainda tão pouco desenvolvido, poderia muito bem arrasar os poderes recém
desenvolvidos que ainda seriam excessivamente frágeis.
Além disso, os efeitos de suas
ações são variados em caráter. Enquanto que
alguns deles
produzem resultados imediatos, outros precisam de muito mais tempo para sua
ação, e assim sucede que à medida que o homem vai evoluindo ele tem acima de si
uma nuvem suspensa de resultados não descarregados, alguns deles bons, outros
maus. Desta
Tudo que isso significa é que certa quantidade de alegria e certa
dose de
sofrimento lhe são
devidos, e inevitavelmente lhe sucederão;
este destino e
que uso fará dele, fica inteiramente à sua escolha. É certa
quantidade de força
que tem de ser esgotada. Nada pode evitar a ação desta
força, mas sua
ação pode ser sempre modificada pela aplicação de uma nova força em outra
direção, exatamente
As condições de nossa vida presente, então, são absolutamente o
resultado de
nossa própria
atuação no passado; e o outro lado desta asserção é que nossas
ações nesta vida
estão construindo as condições para a próxima. Um homem que
se encontra limitado seja em poderes seja em circunstâncias externas pode nem sempre
ser capaz de tornar-se ou às suas condições o que ele desejaria para esta vida;
mas ele pode certamente assegurar para a próxima qualquer coisa que escolher.
Toda ação do homem não termina em si mesmo, mas
invariavelmente afeta outros em seu redor. Em alguns casos este
efeito pode ser comparativamente trivial, enquanto que em outros pode ser do
mais sério caráter. Os resultados triviais, sejam bons ou maus simplesmente são
pequenos débitos ou créditos na nossa conta com a
Natureza; mas os grandes efeitos, sejam bons ou maus, criam uma conta pessoal
que deve ser acertada com a pessoa envolvida.
Um homem que dá uma refeição para um mendigo faminto, ou o
conforta
endereçando-lhe uma palavra amável, receberá o resultado de sua
boa ação como parte de uma espécie de fundo geral de benefícios da Natureza;
mas alguém que por alguma boa ação muda todo o curso da vida de outro homem
seguramente terá de encontrar aquele mesmo homem novamente em uma vida futura,
a fim de que o que tiver sido beneficiado possa ter a oportunidade de retribuir
a benesse que lhe tiver sido feita. Alguém que cause aborrecimento a outro
sofrerá proporcionalmente por isso em algum lugar, de algum modo, no futuro,
ainda que ele possa jamais encontrar de novo o homem que tiver incomodado; mas
alguém que prejudica seriamente outro, que arruína sua vida ou retarda sua
evolução, deve certamente encontrar sua vítima de novo em algum momento
ulterior no curso de suas vidas, para que possa ter a oportunidade, por serviço
caridoso e auto-sacrificado, de contrabalançar o mal que tiver feito.
Resumindo, grandes débitos devem ser pagos pessoalmente, mas
os pequenos vão para o fundo geral.
Assim estes são os principais fatores
que determinam o próximo nascimento do
homem. Primeiro
age a grande lei da evolução, e sua tendência é pressionar o
homem para uma
posição em que ele possa mais facilmente desenvolver as
qualidades de que ele
mais precisa.
humanidade é dividida
em grandes raças, chamadas raças-raiz, que dominam e
ocupam o mundo
sucessivamente. A grande raça Ariana ou Indo-Caucásica, que
no presente momento inclui os habitantes mais avançados da Terra, é uma delas.
A que veio antes na ordem da evolução foi a raça Mongólica, usualmente chamada
de Atlante nos livros Teosóficos, porque o continente de onde regeu o mundo
agora jaz debaixo das águas do oceano Atlântico. Antes desta
veio a raça Negróide, da qual alguns descendentes ainda subsistem, mesmo que
hoje em dia já estejam muito misturados com rebentos das raças posteriores.
De cada uma das grandes raças-raiz saem muitos rebentos que chamamos sub-raças
– tais como, por exemplo, as raças Românicas ou a Teutônica; e cada uma destas
sub-raças por sua vez se divide em raças-ramo, tais como os Franceses e
Italianos, os Ingleses e os Alemães.
Estas distribuições são feitas a
fim de que cada Ego possa ter uma ampla escolha de variadas condições e
ambientes. Cada raça está especialmente adaptada para desenvolver
em seu povo uma ou outra das qualidades que são necessárias no curso da
evolução. Em cada nação existe um número quase infinito de condições diferentes,
riquezas e misérias, um largo campo de oportunidades ou uma total falta delas,
facilidades para o desenvolvimento ou condições em que este
desenvolvimento é difícil ou a bem dizer impossível. Em meio
de todas estas infinitas possibilidades a pressão da lei de evolução tende a
guiar o homem para exatamente aquelas que melhor preencham suas necessidades no
estágio em que ele porventura se encontrar.
Mas a ação desta lei é limitada pela outra lei de que falamos, a
lei de causa e
efeito. As ações
do homem no passado podem não ter sido tais que mereça
(se
pudéssemos dizer
assim) as melhores oportunidades possíveis; ele pode ter posto em movimento em
seu passado certas forças cujo inevitável resultado será produzir limitações; e
estas limitação podem agir evitando seu recebimento das melhores oportunidades
possíveis, e assim
poderosamente para o bem quanto para o mal – é a influência do
grupo de Egos com que o homem criou ligações definidas no passado – aqueles com
quem ele formou laços fortes de amor ou ódio, de ajuda ou dano – aquelas almas
que ele deve encontrar de novo por causa das conexões feitas com elas em dias
há muito passados. Sua relação com elas é um fator que deve ser levado em conta
antes que possa ser determinado onde e
A vontade da Deidade é a evolução do
homem. O esforço daquela natureza que é uma expressão da Deidade é dar ao homem
o que quer que seja mais adequado para esta evolução; mas isso é condicionado
pelas faltas no passado e pelos elos que ele já formou. Pode
ser suposto que um homem descendo à encarnação pudesse aprender as lições
necessárias para aquela vida em qualquer uma de uma centena de posições.
Da metade ou mais delas ele pode ser excluído pelas
conseqüências de algumas de suas muitas e variadas ações no passado.
Entre as poucas possibilidades que lhe restam abertas, a
escolha de uma possibilidade em particular pode ser determinada pela presença
naquela família ou naquela redondeza de outros Egos com quem ele tem um saldo
credor por serviços prestados, ou a quem ele por sua vez deve um débito de
amor.
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