The Theosophical Society,
Escritas
Teosóficas da Lingua Portuguese
Escritas do C W Leadbeater
Charles
Webster Leadbeater
(1858
– 1934)
Um
Manual de Teosofia
O
Resultado do Estudo Teosófico
“Membros da Sociedade Teosófica
estudam estas verdades e Teósofos tentam
vivenciá-las”. Que tipo de homem então é o verdadeiro Teósofo em conseqüência de seu
conhecimento? Qual é o resultado em sua vida cotidiana de todo este estudo?
Considerando que existe um Poder Supremo que está dirigindo o
curso da evolução, e que Ele é todo-sábio e todo-amoroso, o Teósofo vê que tudo
que existe dentro deste esquema deve ter sido planejado para incrementar o seu
progresso. Ele percebe que a escritura que nos diz que
todas as coisas estão trabalhando juntas para o bem não está condescendendo em
um vôo de fantasia poética ou dando voz a uma esperança piedosa, mas
apresentando um fato científico. A obtenção final de glória
inenarrável é uma certeza absoluta para cada filho do homem, qualquer que seja
no presente a sua condição; mas isso de modo nenhum é tudo. Aqui e neste presente
momento ele está a caminho daquela glória; e todas as circunstâncias que o
rodeiam pretendem ajudar e não bloqueá-lo, se apenas forem corretamente
compreendidas. É uma
triste verdade que no mundo haja tanto de mal e aflição e sofrimento; já do
ponto de vista mais alto o Teósofo percebe que, terrível que seja isso, é só
temporário e superficial, e tudo está sendo utilizado como fator de progresso.
Quando nos dias de sua ignorância ele
olhou para estas condições a partir de seu próprio nível quase lhe foi
impossível perceber isto; enquanto olhava de baixo para o lado inferior da
vida, com seus olhos fixos todo o tempo sobre algum mal aparente, nunca poderia
ter conseguido uma percepção real de seu significado.
Agora que ele se elevou acima disso aos níveis superiores de
pensamento e
consciência, e olha
para baixo com o olho do espírito e compreende as
circunstâncias em sua inteireza, então ele pode ver que em
verdade tudo está bem – não que tudo estará bem em algum futuro remoto, mas que
mesmo agora neste momento, no meio da lida incessante e do aparente mal, a
poderosa corrente da evolução ainda está fluindo, e assim tudo está bem porque
tudo está se movendo em perfeita ordem em direção à meta final.
Alçando assim sua consciência acima da tormenta e da tensão da
vida mundana, ele reconhece o que costumava parecer ser o mal, e nota como
aparentemente ele está pressionando para trás contra a grande corrente do
progresso; mas ele vê também que o impulso progressivo da lei divina da
evolução guarda para com este mal superficial a mesma relação que a tremenda
torrente do Niágara guarda para com os borrifos de espuma em sua superfície. Então enquanto simpatiza profundamente com todos os sofredores, ele
também percebe qual será o fim deste sofrimento, e assim para ele o desespero
ou a desesperança são impossíveis. Ele aplica esta consideração às suas
próprias tristezas e dificuldades, bem
Já não se deve supor sequer por um momento que por ele ser tão
plenamente
confiante do triunfo
final do bem permaneça indiferente ou insensível aos males
que existem no
mundo em seu redor. Ele sabe que é seu dever combatê-los com o máximo de seu
poder, porque assim fazendo ele estará trabalhando ao lado da
grande força
evolucionária, e estará trazendo para mais perto o tempo de sua
vitória final.
Ninguém será mais ativo que ele no trabalho para o bem, mesmo
estando
absolutamente livre do sentimento de desvalia e desesperança que tão
amiúde oprimem
aqueles que tentam ajudar seus semelhantes.
Um outro valiosíssimo resultado de seu estudo Teosófico é a ausência de medo. Muitas pessoas estão constantemente
ansiosas ou preocupadas sobre uma coisa ou outra; estão receando que isto ou
aquilo lhes suceda, que este ou aquele
próximo estágio
será muito mais agradável do que este. Assim ele não terá nenhum medo da morte,
mesmo que perceba que deve viver sua vida até o final prescrito, porque ele
está aqui no intuito de progredir, e que o progresso é a
única coisa realmente importante. Toda sua concepção de vida é diferente; o
objetivo não é ganhar muito dinheiro, nem obter tal ou
qual posição; a única coisa importante é cumprir o Plano Divino. Ele sabe que é
por isso que está aqui, e que tudo o mais deve ceder o passo a
isto.
É completamente livre também de
todos os temores ou preocupações ou problemas religiosos. Todas
estas coisas lhe são afugentadas, porque vê com clareza que o progresso para o
mais alto é a Vontade Divina para nós, que não podemos escapar do progresso, e
que seja o que for que encontremos em nosso caminho e o que quer que nos suceda
é planejado para nos ajudar ao longo desta via; que nós próprios somos absolutamente
as únicas pessoas que podem nos atrasar ou adiantar. Já não se
perturba ou teme por si. Ele simplesmente vai em frente e cumpre o dever
mais imediato do melhor modo que pode, confiante de que se faz assim tudo irá
melhor para ele sem sua perpétua preocupação. Ele está
muitíssimo satisfeito fazendo seu trabalho e tentando ajudar seus companheiros
de raça, sabendo que o grande Poder Divino por trás o impulsionará para diante
lenta e constantemente, e fará por ele tudo o que puder ser feito, tão logo sua
face se volte decididamente para a direção correta, tão logo ele faça tudo o
que razoavelmente puder.
Uma vez que sabe que todos somos parte de uma só grande evolução
e literalmente somos todos filhos de um único pai, percebe que a fraternidade
universal da humanidade não é nenhuma mera concepção poética, mas um fato
definido; não um sonho de algo que haverá na vaga
distância da Utopia, mas uma condição existindo aqui e agora. A certeza desta fraternidade todo-abrangente lhe dá uma visão mais ampla
da vida e um ponto de vista largo e impessoal de onde considerar tudo.
Ele percebe que os verdadeiros interesse de todos são de fato idênticos, e que nenhum
homem pode jamais fazer alguma aquisição para si à custa do prejuízo ou sofrimento
de outrem. Isto não é para ele um artigo de fé religiosa, mas um fato científico
provado a ele por seu estudo. Ele vê que uma vez que a
humanidade é literalmente um todo, nada que prejudique um homem pode jamais ser
realmente bom para qualquer outro, pois a injúria
feita influencia não só quem a comete mas também os que o rodeiam.
Ele sabe que a única vantagem real para
ele é o benefício que compartilha com
todos. Ele vê
que qualquer avanço que for capaz de realizar na senda
do
progresso espiritual
ou do desenvolvimento é algo assegurado não só para si mas para outros. Se ele
ganha conhecimento ou auto-controle, seguramente adquire muito para si, e não
tira nada de ninguém, mas ao contrário auxilia e
fortalece os outros. Conhecedor que é da absoluta unidade espiritual da
humanidade, ele sabe que, mesmo neste mundo inferior, nenhum proveito
verdadeiro pode ser obtido por um homem se não o for em nome e por amor da
humanidade; que o progresso de um homem deve ser um aliviamento do fardo de
todos; que o avanço de um homem em coisas espirituais significa um levíssimo
ainda que não imperceptível avanço para a humanidade como um todo; que cada um
que nobremente suporte sofrimento e tristeza em sua luta em direção à luz estará
diminuindo também um pouco da pesada carga da tristeza e sofrimento de seus
irmãos.
Porque reconhece esta fraternidade não meramente
de todos os
outros fatos; porque ele vê isso
Disto segue-se naturalmente que ele
se torna cheio com a mais ampla tolerância e caridade possíveis. Ele não
pode ser senão tolerante sempre, porque sua
filosofia lhe mostra
que importa pouco no que um homem acredita, desde que seja um homem bom e
verdadeiro. Também deve ser caridoso, porque seu conhecimento
mais vasto o habilita fazer concessões por muitas coisas que o homem comum não entende.
O padrão do Teósofo em relação ao certo e o errado é sempre mais alto que o do
homem menos instruído, embora seja muito mais gentil que este
último em seus sentimentos para com o faltoso, porque ele compreende mais da
natureza humana. Ele percebe
Ele vai além da tolerância, da caridade, da simpatia; ele sente
positivo amor
pelo gênero
humano, e isso o leva a adotar uma posição de vigilante auxílio. Ele
sente que cada
contato com outros é para ele uma oportunidade, e o conhecimento adicional que
seu estudo lhe terá trazido o torna mais capaz de dar conselho ou ajuda em
quase qualquer caso que lhe surja. Não que esteja
perpetuamente impondo suas opiniões sobre outras pessoas. Ao contrário, ele observa que fazer isso é um dos erros mais comuns
cometidos pelo não instruído. Ele sabe que a discussão
é um tolo desperdício de energia, e portanto ele recusa debater. Se
qualquer um quiser dele uma explicação ou conselho ele será mais que desejoso
em dá-los, mesmo que não tenha nenhum tipo de vontade de converter qualquer um
ao seu próprio modo de pensar.
Em cada relação da vida norteia a idéia
de ajudar, não só os seus semelhantes
mas também o
vasto reino animal que o cerca. Indivíduos deste reino são
freqüentemente trazidos
para estreita relação com o homem, e isto é para ele uma oportunidade de fazer
algo por eles. O Teósofo reconhece que estes também
são seus irmãos, mesmo que possam ser irmãos mais jovens, e que ele tem um
dever fraternal para com eles também –agindo e pensando de modo que sua relação
com eles seja sempre para seu bem e jamais para seu prejuízo.
Prioritariamente e acima de tudo, sua Teosofia deve ser-lhe uma
doutrina do bom senso. Ela põe diante dele, até onde ele puder por ora
apreendê-los, os fatos sobre Deus e o homem e as relações entre ambos; então
passa a levar estes fatos em conta e a agir em relação
a eles com juízo equilibrado e senso comum. Ele regula sua
vida de acordo com as leis da evolução que lhe foram ensinadas, e isso lhe dá
um ponto de vista totalmente novo, e uma pedra-de-toque com a qual comparar
tudo – seus próprios pensamentos e sentimentos, e sua ações em primeiro lugar,
e depois aquelas coisas que lhe surgem no mundo externo a si.
Sempre aplica este critério: A coisa é
certa ou errada, ajuda ou entrava a
evolução? Se um
pensamento ou sentimento se ergue nele, ele vê de imediato com este teste se é uma coisa que deva encorajar. Se for para o maior bem da maioria então tudo está bem; se pode
limitar ou causar injúria a qualquer ser em seu progresso, então é um mal a ser
evitado. Exatamente o mesmo critério funciona bem se
ele for chamado a decidir a respeito de qualquer coisa externa a si. Se daquele ponto de vista uma coisa for boa, então ele pode
conscienciosamente apoiá-la; se não, então não é para ele.
simplesmente no bem da
evolução como um todo. Isso lhe dá um parâmetro nítido e um
discernimento claro, e remove dele ao mesmo tempo o sofrimento da indecisão e hesitação.
A Vontade da Deidade é a evolução humana; portanto o
que quer que ajude esta evolução deve ser bom; o que quer que se interponha no
seu caminho a atrasa, então aquilo deve ser uma coisa errada, mesmo que possa
ter a seu lado todo o peso da opinião pública e da tradição ancestral.
Sabendo que o verdadeiro homem é o Ego e não o corpo, ele vê que
é apenas a vida do Ego o que interessa, e que tudo ligado ao corpo deve sem hesitação ser
subordinado àqueles
interesses mais elevados. Ele reconhece que esta vida
terrena lhe é dada
no intuito do progresso, e que este progresso é a única coisa
importante. O
propósito real de sua vida é o desdobramento de seus poderes
Ele reconhece sua vida
como uma roupa
temporária envergada com o propósito de aprender através dela.
Ele sabe definitivamente que este
propósito de aprender lições é o único com
alguma
importância real, e que o homem que se permite ser desviado deste
propósito por
quaisquer considerações que sejam estará agindo com inconcebível estupidez.
Sempre que encontra um conflito ocorrendo em si ele lembra que
ele mesmo é o
mais alto, e
que este que é o inferior não é o Eu real, mas meramente uma parte
descontrolada de um de
seus veículos. Ele sabe que ainda que possa cair mil
vezes no caminho
para sua meta, seu motivo de tentar atingí-la permanece tão
forte depois da
milésima queda como era no início, de modo que seria não só
inútil mas tolo e
errado dar vazão ao desânimo e desesperança.
Ele começa imediatamente sua jornada na via do progresso– não só
porque ele sabe que é muito mais fácil para ele agora do que deixar para fazer
o esforço mais tarde, mas principalmente porque se tentar agora e conseguir
fazer algum
progresso, se ele se
elevar assim a algum nível superior, ele estará em posição
de estender
uma mão auxiliadora àqueles que ainda não chegaram sequer àquele
degrau que ele
atingiu na escada. Desta maneira ele toma parte, por mais humilde
que seja, na
grande obra divina da evolução.
Ele sabe que ele chegou a este ponto
atual somente por um lento processo de
crescimento, e
portanto não espera instantâneas conquistas de perfeição. Ele vê
quão inevitável
é a grande lei de causa e efeito, e que quando ele uma vez
entender a operação
daquela lei ele poderá usá-la inteligentemente, a respeito
do
desenvolvimento mental e moral, assim
Compreendendo o que é a morte, ele
sabe que não precisa receá-la ou lamentá-la, seja quando chegar para si ou para
aqueles que ama. Ela lhe tem chegado tantas vezes antes, então não há nada de
estranho nela. Ele vê a morte simplesmente como uma promoção de uma vida que é
mais que metade física para uma que é inteiramente superior, de modo que ele
destemidamente a acolhe; e mesmo quando chega para aqueles que ama, ele
reconhece prontamente a vantagem para eles, mesmo que não possa senão sentir
uma pontada de mágoa por temporariamente ter de ser separado deles no que se
refere ao mundo físico. Mas ele sabe que os assim chamados
mortos ainda estão perto dele, e que ele tem apenas que sair um pouco de seu
corpo físico enquanto dorme para ficar lado a lado com eles
Ele vê claramente que o mundo é um só, e que a mesma Lei Divina
rege todo o
conjunto, seja
visível ou invisível à visão física. Assim ele não tem nenhum
sentimento de
nervosismo ou estranheza em passar de uma parte a outra, e nenhum sentimento de
incerteza sobre o que encontrará no outro lado do véu.
Ele sabe que naquela vida mais alta se
abre diante dele um esplêndido panorama de oportunidades tanto para aquisição
de conhecimento em primeira mão
brilho para a qual
todo o gozo terreno representa nada; e assim através de seu
claro
conhecimento e tranqüila confiança o poder da vida eterna irradia-se para
todos ao seu
redor.
Dúvidas sobre seu futuro lhe são impossíveis, pois só de olhar o
selvagem ele
percebe o que foi
no passado, e só de olhar para os maiores e mais sábios da
raça humana ele
percebe o que deverá ser no futuro. Ele vê uma ininterrupta
seqüência de
desenvolvimento, uma escada de perfeição se elevando constantemente à sua
frente, com seres humanos em cada degrau dela, de modo que ele sabe que aqueles
degraus lhe são possíveis de subir. É exatamente por causa da imutabilidade da
grande lei de causa e efeito que ele se vê capaz de subir aquela escadaria,
porque, já que a lei trabalha sempre do mesmo modo, ele pode fiar-se nela e
utilizá-la, exatamente
mundos físicos.
Seu conhecimento desta lei lhe traz um senso de perspectiva, e
lhe mostra que
se algo lhe sucede, o faz porque ele o terá merecido como
conseqüência de uma
ação que cometeu, das palavras que falou, dos pensamentos que abrigou em dias
anteriores ou vidas pregressas. Ele compreende que toda aflição tem o caráter
de pagamento de débitos, e portanto quando ele tem de se haver com os problemas
da vida ele os toma e utiliza
Novamente, e já de outra forma, ele os toma
Ele é distinguível do resto do mundo por sua perene jovialidade,
sua coragem
indômita sob as
dificuldades, e sua pronta simpatia e prestimosidade; e ao mesmo tempo ele é
nitidamente um homem que leva a vida a sério, que reconhece que há muito para
cada um fazer no mundo, e que não há tempo a perder. Ele sabe com certeza absoluta
que ele não só faz seu próprio destino mas também gravemente afeta o dos outros
que o cercam, e assim percebe quão pesada responsabilidade acompanha o uso de seu poder.
Ele sabe que pensamentos são coisas
e que é facilmente possível fazer um grande mal ou um grande bem por seu
intermédio. Ele sabe que nenhum homem vive para si mesmo, pois cada
pensamento age também sobre os outros; que a vibração que emite de sua mente e
de sua natureza mental estão se reproduzindo nas naturezas mentais dos outros
homens, de modo que ele é uma fonte tanto de saúde mental quanto de doença
mental para todos com que entre em contato.
Isto logo impõe sobre ele um código de ética social muito mais
elevado do que é conhecido pelo mundo exterior, pois ele sabe que deve
controlar não apenas seus atos e suas palavras, mas também seus pensamentos,
uma vez que eles podem produzir efeitos mais sérios e de muito maior alcance
que sua expressão externa no mundo físico. Ele sabe que mesmo
quando um homem não está nem um pouco pensando nos outros, ele mesmo assim os
afeta para o bem ou para o mal.
Somando-se a esta ação inconsciente do
seu pensamento sobre os outros ele também o emprega conscientemente para o bem.
Ele põe correntes em movimento para levar auxílio e conforto mentais a muitos
amigos, e neste caminho ele encontra um inteiro novo mundo de utilidade se
abrindo diante dele.
Ele se coloca sempre do lado do pensamento mais alto antes do que
do mais baixo, do mais nobre antes do que do mais vil. Ele deliberadamente
assume a atitude otimista antes do que a pessimista em tudo, a auxiliadora
antes que a cínica, porque sabe que esta é fundamentalmente a visão verdadeira.
Por procurar continuamente o bem em tudo é que ele pode tentar fortalecê-lo,
por esforçar-se sempre por ajudar e nunca por atrapalhar, ele se torna sempre
de maior utilidade para seus semelhantes, e assim, a seu modo
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