The Theosophical Society,
Escritas
Teosóficas da Lingua Portuguese
Escritas do C W Leadbeater
Charles
Webster Leadbeater
(1858
– 1934)
Um
Manual de Teosofia
Após
a Morte
A morte é o abandono do corpo físico; mas isso não faz maior
diferença para o
Ego do que o faz para um homem físico tirar um casaco. Tendo
descartado seu
corpo físico, o
Ego continua a viver em seu corpo astral até que se tenha
exaurido a força
gerada por emoções e paixões a que tenha se permitido sentir
durante a vida
terrena. Quando isso tiver ocorrido, a segunda morte tem lugar; o
corpo astral
também se desprende dele, e ele se encontra vivendo no corpo mental e no mundo
mental inferior. Nesta condição ele permanece até que as forças de pensamento
geradas durante suas vidas física e astral tiverem se
dissipado; então ele por sua vez larga o terceiro veículo e permanece uma vez
mais
Não existe, portanto, nenhuma coisa
costumeiramente. Há
somente uma sucessão de estágios numa vida contínua –
estágios vividos
nos três mundos um após o outro. A distribuição de tempo entre estes três mundos varia muito à medida que o homem avança. O
homem primitivo vive quase exclusivamente no mundo físico, passando só poucos
anos no astral ao fim de cada uma de suas vidas físicas. Ao
se desenvolver, a vida astral se torna mais longa, e à medida que o intelecto
se expande nele, e ele se torna capaz de pensar, começa a despender um breve
período também no mundo mental. O homem comum das raças civilizadas
permanece mais tempo no mundo mental do que no físico e no astral; na verdade, quanto mais um homem evolui mais longa se torna sua
vida mental e mais curta sua vida no mundo astral.
A vida astral é o resultado de todos os sentimentos que têm em si
um componente do eu. Se tiverem sido diretamente egoístas, o levarão a condições
muito desagradáveis no mundo astral; se, mesmo tingidos de pensamentos sobre o
eu, tiverem sido bons e gentis o levarão a uma vida
astral comparativamente mais agradável, ainda que limitada. Os
seus pensamentos e sentimentos que tiverem sido inteiramente altruístas
produzem seu resultado em sua vida no mundo mental; portanto aquela vida no
mundo mental não pode ser senão bem-aventurada. A vida
astral, que o homem tiver feito para si ou miserável ou comparativamente jubilosa,
corresponde ao que os Cristãos chamam de Purgatório; a vida mental inferior,
que é sempre inteiramente feliz, é o que é chamado de Céu.
O homem faz para si mesmo seus próprios Purgatório e Céu, e estes não são
lugares, mas
estados de consciência. O Inferno não existe; é só uma
invenção da imaginação teológica; mas um homem que vive levianamente pode fazer
para si um Purgatório bastante longo e desagradável. Nem o Purgatório
nem o Céu podem jamais ser eternos, pois uma causa finita não pode originar um
resultado
infinito. As
variações nos casos individuais são tão amplas que dar exemplos
concretos pode ser
um pouco enganador. Se tomarmos o homem comum do que chamamos classe média,
cujo representante típico poderia ser um pequeno lojista ou vendedor, sua vida
média no mundo astral seria talvez cerca de quarenta anos, e a vida no mundo
mental cerca de duzentos. O homem de espiritualidade e cultura, de outro lado,
poderia ter talvez vinte anos de vida no mundo astral e mil na
vida celeste.
Alguém que fosse especialmente desenvolvido poderia reduzir a
vida
astral para uns
poucos dias ou horas, e passar mil e quinhentos anos no céu.
Não só a extensão destes períodos varia
grandemente, mas as condições em ambos os mundos diferem muitíssimo. A matéria
de que todos estes corpos são construídos não é
matéria morta, mas viva, e este fato deve ser levado em conta.
O corpo físico é construído de células, cada qual é uma pequena
vida separada
animada pela
Segunda Emanação, que provém do Segundo Aspecto da Deidade. Estas células são
de diferentes tipos e desempenham várias funções, e todos estes
fatos devem ser levados em consideração se o homem desejar entender o trabalho de
seu corpo físico e viver uma vida sadia nele.
A mesma coisa se aplica aos corpos
astral e mental. Na vida celular que os
permeia não há
nada ainda que se assemelhe a uma inteligência, mas há um forte
instinto sempre
pressionando em direção ao que serve para seu desenvolvimento. A vida animando
a matéria de que tais corpos são feitos está no arco exteriorizante
da evolução, se movendo para baixo e para fora em direção à matéria, de modo
que para ela progresso significa descer para formas mais densas de matéria, e
aprender a expressar-se através delas.
desenvolvimento é
exatamente o oposto disto; ele já mergulhou fundo na matéria e agora está se
elevando dela em direção à sua origem. Há por isso um
constante conflito de interesses entre o homem interno e a vida que habita a
matéria de seus veículos, porquanto a tendência desta é descer, mas a daquele é
subir.
A matéria do corpo astral (ou antes a vida animando suas
moléculas) deseja para
sua evolução
quaisquer ondulações que possa obter, dos mais variados tipos
possíveis, e o mais
grosseiras possível. O próximo passo em sua evolução será
animar a matéria
física e se acostumar a vibrações ainda mais lentas; e,
descobrir o modo
mais fácil de procurá-las.
As moléculas do corpo astral estão constantemente mudando, assim
Uma vez que a matéria astral é o veículo do desejo e a matéria
mental é o
veículo do
pensamento, este instinto, quando traduzido em nossa linguagem,
significa que se o
corpo astral puder induzir-nos a pensar que nós queremos o
que ele quer,
será muito mais fácil de obtê-lo. Assim exerce uma leve mas
constante pressão
sobre o homem – do seu ponto de vista é uma espécie de fome, mas para o homem é
uma tentação para aquilo que é mais bruto e indesejável. Se ele
for um homem passional haverá uma suave mas constante pressão em direção à irritabilidade;
se for um sensualista, uma igualmente constante pressão em direção à impureza.
Um homem que não entende isso usualmente comete um de dois erros:
ou supõe ser o apelo de sua própria natureza, e destarte a considera
Esta é a razão para aquilo que chamamos de apelos da natureza
inferior durante a vida. Se um homem condescende com
eles, tais apelos se tornam mais e mais fortes até que
ele já não lhes pode resistir, e se identifica com eles – que é
exatamente o que esta
curiosa semi-vida nas partículas do corpo astral quer que
ele faça.
Na morte do corpo físico esta vaga consciência astral se alarma.
Ela percebe que sua existência
A matéria do corpo astral é de longe mais fluídica do que a do
físico, e esta consciência apodera-se de suas partículas e as dispõe de modo a
resistir ao deslocamento. Ela coloca as mais grosseiras e densas do lado de
fora
astral é muito
diferente da do físico; este último adquire suas informações de
fora através de
certos órgãos que são especializados para servirem de
instrumentos para seus
sentidos, mas o corpo astral não tem sentidos separados
no sentido
usual da expressão. O que para o corpo astral corresponde à visão é o poder de
suas moléculas de responder a impactos de fora, que
lhe advêm através de moléculas similares. Por exemplo, um homem possui em seu
corpo astral matéria pertencente a todas as subdivisões do mundo astral, e é
por causa disso que ele é capaz de “ver” objetos feitos de matéria de qualquer
uma destas subdivisões.
Suponhamos um objeto astral feito de matéria da segunda e terceira subdivisões
misturadas, um homem
vivendo no mundo astral poderia perceber aquele objeto
somente se na
superfície de seu corpo astral houvesse partículas pertencentes à
segunda e terceira
subdivisões daquele mundo, que fossem capazes de receber e registrar as
vibrações que aquele objeto originou. Um homem que pelo rearranjo de seu corpo
pela vaga consciência de que falamos tivesse no exterior daquele veículo
somente a matéria mais densa da subdivisão inferior, não poderia ser mais
consciente do objeto que mencionamos do que nós somos conscientes dos gases que
se movem ao nosso redor na atmosfera ou de objetos constituídos só de matéria
etérica.
Durante a vida física a matéria do corpo
astral humano está em constante
movimento, e suas
partículas circulam entre si quase como o fazem as da água
fervente.
Conseqüentemente em qualquer momento dado é praticamente certo que partículas
de todas as variedades estarão representadas na
superfície de seu
corpo astral, e
que portanto quando ele estiver usando seu corpo astral durante
o sono ele
será capaz de “ver” desse modo qualquer objeto astral que se aproxime dele.
Após a morte, se ele permitiu que o rearranjo ocorresse (o que
por ignorância
todas as pessoas
comuns fazem) sua condição a este respeito será diferente.
Tendo na superfície de seu corpo astral
somente as partículas mais inferiores e
grosseiras, ele pode
receber impressões somente de partículas externas
correspondentes; assim, em
vez de ver o conjunto do mundo astral ao seu redor, ele só verá um sétimo dele,
e o mais denso e mais impuro. As vibrações desta matéria mais pesada são
expressões somente de sentimentos e emoções
indesejáveis, e da
classe menos refinada de entidades astrais. Portanto eduzimos
disso que um
homem nesta condição pode ver somente os habitantes indesejáveis do mundo
astral, e pode sentir apenas suas influências mais desagradáveis e vulgares.
Ele está rodeado por outros homens cujos corpos astrais
provavelmente serão de caráter muito ordinário; mas uma vez que ele só pode ver
e sentir o que é mais baixo e rude neles, eles lhe aparecem
O homem que tiver estudado estes
assuntos recusará completamente ceder à pressão durante a vida ou permitir o
rearranjo após a morte, e por conseguinte ele reterá seu poder de ver o mundo
astral
O mundo astral tem muitos pontos em comum com o físico;
As emoções portanto avultam muito mais na
vida astral do que na física. Elas de
modo algum
excluem o pensamento superior se forem controladas, de maneira que no mundo
astral tanto
O mundo astral se estende quase até a distância média da órbita
da Lua; mas
ainda que o todo
de seus domínios só seja franqueado aos habitantes que não
tenham permitido
a redistribuição de sua matéria, a grande maioria permanece
muito mais perto
da superfície da Terra. A matéria das diferentes subdivisões
daquele mundo se
interpenetram com perfeita liberdade, mas há no conjunto uma tendência para a
matéria mais densa assentar-se junto ao centro. As condições
se assemelham muito às que obtemos num balde d´água que contém em suspensão diversos
tipos de matéria de diferentes graus de densidade. Se a
água for mantida sempre em movimento, os diferentes tipo de matéria se
difundirão por toda ela; mas a despeito disso, a matéria mais densa é
encontrada em maior quantidade mais perto do fundo. De modo que ainda que não
devamos pensar nas várias subdivisões do mundo astral
A matéria astral interpenetra a matéria física precisamente
estivesse ali, mas
cada subdivisão da matéria física tem uma forte atração pela
matéria astral da
subdivisão correspondente. Daí se evidencia que cada corpo
físico tem sua
contraparte astral. Se eu tiver um copo de água sobre uma
mesa, o copo e a mesa, sendo de matéria física em estado sólido, serão
interpenetrados por matéria astral da subdivisão mais baixa. A água no copo, sendo líquida, é interpenetrada pela matéria
astral da sexta subdivisão; enquanto que o ar que rodeia ambos, sendo matéria
física em estado gasoso, é inteiramente interpenetrado pela matéria gasosa
astral – isto é, a matéria astral da quinta subdivisão.
Mas assim
subdivisões mais altas
que correspondem à etérica. Mas mesmo o sólido astral
é
menos denso que
o mais rarefeito dos éteres físicos.
O homem que se acha no mundo astral após a morte, se ele não
tiver se submetido ao rearranjo da matéria de seu corpo, perceberá apenas
pequena diferença da vida física. Ele pode flutuar em qualquer direção à
vontade, mas na verdade ele usualmente fica nas
vizinhanças a que está acostumado. Ele ainda é capaz de perceber
sua casa, seu quarto, sua mobília, seus conhecidos, seus amigos. Os vivos,
quando ignoram sobre os mundos superiores, supõem ter “perdido” aqueles que
deixaram seus corpos físicos; mas os mortos em nenhum
momento têm a impressão de que perderam os vivos.
Atuando
O morto tem o corpo astral de seus amigos vivos obviamente diante
de si,
portanto não pode
pensar neles como perdidos; mas enquanto o amigo está
desperto, o morto
não será capaz de fazer impressão nenhuma sobre ele, pois a
consciência do amigo
então está no mundo físico, e seu corpo astral está sendo
usado somente
como uma ponte. O morto não pode, pois, comunicar-se com seu amigo, nem pode
ler os pensamentos superiores de seu amigo; mas ele verá pela mudança de cor no
corpo astral qualquer emoção que o amigo possa sentir, e com pequena prática e
observação ele poderá facilmente aprender a ler todos aqueles pensamentos de
seu amigo que têm em si algo de egoísmo ou desejo.
Quando o amigo cai no sono toda a
situação se altera. Ele então também está
consciente no corpo
astral lado a lado com o morto, e podem se comunicar em
todos os
aspectos tão livremente como o poderiam durante a vida física. As
emoções sentidas
pelos vivos reagem fortemente nos mortos a quem amam. Se
aqueles dão vazão
à dor, estes não podem senão sofrer severamente.
As condições de vida após a morte são quase infinitas em sua
variedade, mas
podem ser
imaginadas sem dificuldade por qualquer um que se dê ao trabalho de entender o
mundo astral e considerar o caráter da pessoa em questão. Aquele
caráter não é nem
no menor grau alterado pela morte; os pensamentos, emoções e desejos do homem
são exatamente os mesmo de antes. Ele é em todos os sentidos
o mesmo homem, exceto pela ausência do corpo físico, e sua felicidade ou
miséria dependem da extensão em que a perda do corpo físico o afeta.
Se seus desejos tiverem sido tais que
necessitem de um corpo físico para sua
gratificação, ele
estará sujeito a sofrer bastante. Tal anseio se manifesta
uma vibração
no corpo astral, e enquanto estamos ainda neste mundo sua força é na maior
parte empregada em mover as pesadas partículas físicas. Portanto, o
desejo é no mundo
astral uma força muitíssimo maior do que no físico, e se o
homem não tiver
tido o hábito de controlá-lo, e se nesta nova vida não puder ser
satisfeito, isso pode
causar-lhe grandes e prolongados problemas.
Tomemos
Depois da morte o homem se encontra no mundo astral sentindo o
apetite talvez
cem vezes mais
intensificado, e completamente incapaz de satisfazê-lo porque
perdeu o corpo
físico. Uma vida
inferno que há;
pois ninguém o está punindo; ele está colhendo o resultado
perfeitamente natural de
sua própria ação. Gradualmente esta força de desejo se
esgota, mas só à
custa de terrível sofrimento para o homem, porque para ele cada dia parece um
milênio. Ele não tem nenhuma medida de tempo
Muitos outros casos menos extremos que estes
prontamente sugerirão a si mesmos, nos quais um anseio que não pode ser
satisfeito prova ser uma tortura. Um caso mais banal é o de um homem que não
tem nenhum vício em particular, como a bebida ou a luxúria, mas foi ligado
inteiramente às coisas do mundo físico, e viveu uma vida devotada aos negócios
ou a frívolas atividades sociais.
Para ele o mundo astral é um local de aborrecimento; as únicas
coisas por que anela já não lhe são possíveis, pois no mundo astral não há
negócios a fazer, e, ainda que possa ter tanta companhia quanto deseje, a
sociedade agora lhe é um assunto bem diferente, porque todas as imposturas
sobre as quais usualmente está baseada já não são possíveis.
Estes casos, entretanto, são só a minoria, e para a maioria das
pessoas o estado
após a morte é
muito mais feliz que a vida sobre a Terra. O primeiro sentimento
de que o
morto é usualmente consciente é o da mais maravilhosa e deliciosa
liberdade. Ele já
não tem absolutamente nada com que se preocupar, e nenhum
dever pesa sobre
ele, exceto aqueles que ele escolher impor-se.
exceto uma
pequeníssima minoria, a vida física é gasta fazendo o que o homem
preferiria não fazer;
mas tem de fazê-lo a fim de sustentar-se ou à sua esposa e
família. No mundo
astral nenhum sustento é necessário; já não precisa comer, o
agasalho é
supérfluo, uma vez que se é inteiramente imune ao calor ou ao frio; e
cada homem pelo
mero exercício de seu pensamento se veste
primeira vez desde
sua tenra infância o homem é inteiramente livre para passar
todo o seu
tempo fazendo exatamente apenas o que aprecia.
Sua capacidade para todos os tipos
de desfrute é grandemente aumentada, bastando que aquele desfrute não careça de
um corpo físico para sua expressão. Se ele ama as belezas da Natureza,
agora está em seu poder viajar com grande rapidez e sem
fadiga por todo o mundo, e contemplar seus lugares mais adoráveis, e explorar seus
recessos mais secretos. Se ele se delicia na arte,
todas as obras-primas do mundo estão à sua disposição. Se ele ama a música, ele
pode ir aonde quiser para ouví-la, e agora ela significará para ele muitíssimo
mais do que antes; pois ainda que não possa mais ouvir com os ouvidos físicos,
ele pode receber em si o inteiro efeito da música em um grau muito mais pleno
do que neste mundo inferior. Se ele é um estudante de ciência, não só pode
visitar os grandes
cientistas do mundo, e colher deles os pensamentos e idéias que
estejam dentro de sua compreensão, mas também pode empreender pesquisas por si
mesmo na ciência deste mundo superior, vendo muito mais o que está fazendo do
que jamais lhe foi possível antes. E melhor de tudo, aquele
cuja grande delícia no mundo foi ajudar seus semelhantes ainda encontrará um
amplo escopo para seus esforços filantrópicos.
Os homens já não passam fome, frio, ou sofrem de moléstias neste
mundo astral; mas há um vasto número dos que, ignorantes, desejam conhecimento
– os que, estando ainda atados ao desejo por coisas terrenas, precisam de uma
explicação de como voltar seus pensamentos para coisas mais altas – os que se
enredaram na teia de suas próprias elucubrações, e só podem ser libertos por
quem entende este novo ambiente, e pode lhes ajudar a distinguir os fatos do
mundo de sua própria representação ignorante e ilusória deles. Todos esses podem ser ajudados pelo homem inteligente e de bom
coração. Muitos homens chegam no mundo astral na
total ignorância de suas condições, não percebendo de pronto que estão mortos,
e quando realmente o percebem temem o que o destino possa estar lhes
reservando, por causa de ensinamento teológico falso e perverso. Todos estes precisam do carinho e conforto que só lhes pode ser
dado por um homem de bom senso que possua algum conhecimento dos fatos da
natureza.
Não há portanto nenhuma falta da mais proveitosa ocupação para
qualquer homem cujos interesses durante a vida física
tiverem sido racionais; tampouco ele carece lá de companhias. Homens cujos
gostos e empenhos são similares
naturalmente acabam se
reunindo exatamente
Em grande medida as pessoas
constróem seus próprios ambientes. Nós já
mencionamos as sete
subdivisões deste mundo astral. Numerando-as da mais elevada e menos material
para baixo, vemos que recaem naturalmente em três classes – as divisões um,
dois e três formando uma classe, e as quatro, cinco e seis outra, enquanto a
sétima e mais baixa de todas permanece sozinha.
Daí que, mesmo que qualquer pessoa
habitando o mundo astral possa se mover para qualquer parte dele, sua tendência
natural é flutuar no nível que corresponde à gravidade específica da matéria
mais pesada de seu corpo astral.
O homem que não permitiu a redistribuição da matéria de seu corpo
astral após a morte está inteiramente livre em todo o mundo astral; mas a
maioria, que o permitiu, não é igualmente livre – não porque haja qualquer
coisa que os impeça de subir até o mais alto ou mergulhar até o mais baixo
nível, mas porque são capazes de sentir com clareza só uma certa parte daquele
mundo.
Eu descrevi algo sobre o destino de um homem que esteja no nível
mais baixo,
encerrado em uma
forte concha de matéria grosseira. Por causa da
comparativamente extrema
densidade daquela matéria ele é cônscio de menos
entorno de sua
subdivisão do que um homem em qualquer outro nível. A
gravidade específica geral de seu próprio corpo astral tende a fazê-lo flutuar
abaixo da superfície da Terra. A matéria física da
Terra é absolutamente inexistente aos seus sentidos astrais, e sua atração
natural é para a forma de matéria astral menos delicada que constitui a
contraparte da Terra sólida. Um homem que se tenha confinado àquela
subdivisão inferior portanto se encontrará usualmente flutuando na escuridão e em grande medida apartado dos outros mortos,
cujas vidas foram mantidas em um nível mais elevado.
As divisões quatro, cinco e seis do mundo astral (às quais a
maioria das pessoas é atraída) têm
As seções primeira, segunda e terceira,
ainda que ocupando o mesmo espaço, já
dão a
impressão de estarem muito mais distantes do físico, e são
correspondentemente menos
materiais. Os homens que habitam estes níveis perdem de
vista a Terra e seus pertences; estão de costume profundamente
auto-absorvidos, e em
grande medida criam seus próprios ambientes, ainda que
estes sejam
suficientemente objetivos para serem percebidos pelos outros homens do seu
nível, e também à visão clarividente.
Esta região é a “Terra de Verão” de que ouvimos falar nos
círculos espíritas – o
mundo em que,
pelo exercício de seu pensamento, os mortos trazem à existência temporária suas
casas e escolas e cidades. Estes ambientes, mesmo que fantasiosos
sob nosso ponto de vista, são para os mortos tão reais
casas, templos
ou igrejas construídos de pedra o são para nós, e muitas pessoas vivem muito
contentes lá por certo número de anos em meio a todas estas criações do
pensamento.
Alguns dos cenários assim produzidos são muito belos; incluem
adoráveis lagos, magníficas montanhas, agradáveis jardins, decididamente
superiores a qualquer coisa no mundo físico; ainda que por outro lado contenham
muito do que para o clarividente treinado (que aprendeu a ver as coisas como
elas são) pareça ridículo – como, por exemplo, as tentativas dos incultos de
produzir uma forma-pensamento de algumas das curiosas descrições simbólicas
contidas nas suas várias Escrituras. A
imagem-pensamento de uma criatura cheia de olhos, feita por um camponês
ignorante, ou de um mar de vidro misturado com fogo [imagens simbólicas
contidas no Apocalipse de São João - NT], naturalmente muitas vezes são
grotescas, mesmo que para seu criador sejam perfeitamente satisfatórias.
Este mundo astral é cheio de
criações-pensamento de figuras e paisagens. Homens de
todas as religiões imaginam aqui suas deidades e suas respectivas concepções do
paraíso, e desfrutam grandemente em meio a estas
formas oníricas até que passam para o mundo mental e entram em contato com algo
mais próximo da realidade.
Cada pessoa após a morte – qualquer pessoa comum, isto é, em cujo
caso o
rearranjo de matéria
do corpo astral ocorreu – tem por sua vez que passar
através de todas
estas subdivisões. Não segue daí que cada uma esteja consciente em todas elas. A pessoa decente comum tem em seu corpo astral somente pouca matéria
de sua porção inferior – não o bastante para construir uma concha pesada.
A redistribuição coloca na parte externa de seu corpo
sua matéria mais densa; no homem comum é usualmente matéria da sexta
subdivisão, misturada com um pouco da sétima, e então ele se acha vendo a
contraparte do mundo físico.
O Ego está constantemente se
recolhendo para dentro de si mesmo, e à medida que se retira deixa atrás de si
nível após nível desta matéria astral. Assim, a
duração da permanência do homem em cada seção do mundo astral
está em proporção direta da quantidade de sua matéria que é encontrada em seu
corpo astral, e isso por sua vez depende da vida que ele viveu, dos desejos a
que cedeu, e da classe de matéria que por conseguinte atraiu e incorporou a si.
Encontrando-se então na sexta seção, ainda pairando perto dos
locais e pessoas a que ele estava mais proximamente ligado enquanto na Terra, o
homem comum no passar do tempo vê os ambientes terrestres gradualmente se
desvanecendo e deixando progressivamente de ter importância para ele, e ele
tende mais e mais a moldar seu entorno de acordo com os mais persistentes de
seus pensamentos.
Quando ele alcança o terceiro nível ele descobre que esta
característica sobrepujou inteiramente a visão das realidades do mundo astral.
A segunda subdivisão é uma sombra menos material que a terceira,
pois se esta é a Terra de Verão dos espíritas, aquela é o Céu material dos
ortodoxos mais
ignorantes; enquanto
que o primeiro ou mais elevado nível parece ser a morada
especial daqueles
que durante a vida se devotaram a interesses materialistas mas
intelectuais,
seguindo-os não por amor de beneficiar seus semelhantes, mas por
motivos de ambição
pessoal ou simplesmente por amor do exercício intelectual.
Todas estas pessoas são
perfeitamente felizes. Mais adiante chegarão em um
estágio em que
poderão apreciar algo muito mais elevado, e quando este estágio
chega o
encontrarão o superior pronto para elas.
Nesta vida astral as pessoas da mesma nação e com os mesmos
interesses tendem a permanecer juntas, precisamente
O morto que não permitiu o rearranjo da matéria de seu corpo
astral é livre em
todo este
mundo, e pode perambular em toda parte à vontade, vendo o todo do que quer que
examine, em vez de somente uma parte
Contudo, nem só os mortos são os
habitantes deste mundo astral, mas também cerca de um terço dos viventes, os
que temporariamente deixaram para trás seus corpos físicos a dormir. O mundo
astral tem ainda um grande número de habitantes não-humanos, alguns deles muito
abaixo do nível humano, e alguns
consideravelmente acima. Os
espíritos da natureza formam um imenso reino, do
qual alguns
membros existem no mundo astral, e constituem uma grande parte de sua
população. Este vasto reino também existe no mundo físico,
pois muitas de suas ordens usam corpos etéricos, e estão logo além do alcance
da visão física comum. De fato, ocorrem circunstâncias
não infreqüentes quando eles podem ser vistos, e em muitos distritos
montanhosos distantes estas aparições são tradicionais entre os camponeses, que
comumente lhes chamam fadas, povos bondosos, pixies ou brownies.
Eles não têm forma definida e podem assumir qualquer uma, mas usualmente
preferem utilizar
uma forma humana miniatura. Uma vez que não são ainda
individualizados, podem ser
considerados quase
quatro grandes
classes, chamadas espíritos da terra, da água, do fogo e do ar.
Somente os membros da última destas quatro divisões residem
normalmente no mundo astral, mas seu número é tão prodigioso que estão
presentes em toda parte nele.Um outro grande reino tem seus representantes aqui
– o Reino dos Anjos (chamados na Índia de Devas). Este
é um conjunto de seres que estão muito mais alto na evolução que o homem, e
somente a orla mais inferior de suas hostes toca o mundo astral – uma orla cujos
membros constituintes estão talvez perto do nível de desenvolvimento do que
chamaríamos um homem distinguidamente bom.
Nós não somos nem os únicos nem
mesmo os principais habitantes de nosso sistema solar; há outras linhas de
evolução correndo paralelas à nossa que jamais passam pela humanidade, ainda
que devam todas passar por um nível correspondente ao da humanidade. Em uma
destas outras linhas de evolução estão os espíritos da natureza acima
descritos, e em um nível mais alto desta linha vem este
grande reino dos Anjos. Em nosso presente nível de evolução eles entram em
contato evidente conosco só mui raramente, mas ao nos desenvolvermos deveremos
ver mais deles – especialmente agora que o progresso cíclico do mundo está mais
e mais colocando-o sob influência do Sétimo Raio. Este Sétimo Raio tem o
cerimonial
Quando todas as emoções inferiores do homem tiverem se esgotado –
todas as
emoções, quero
dizer, que têm em si algum pensamento sobre o eu – sua vida no mundo astral
termina, e o Ego passa para o mundo mental. De modo algum este
é um movimento no espaço; é simplesmente que o progressivo processo de
recolhimento passou além mesmo do mais fino tipo de matéria astral; então a
consciência do homem se focaliza no mundo mental. Seu corpo astral ainda não se
terá desintegrado completamente, mesmo que esteja em vias de fazê-lo, e ele
deixa para trás um cadáver astral, exatamente
Quando o homem deixa seu corpo físico sua separação dele deveria
ser completa, e geralmente é assim; mas este não é o
caso da matéria muito mais fina do corpo astral. No curso de sua vida física o
homem comum usualmente se envolve tanto em matéria astral (o que, de um outro
ponto de vista, significa que ele se identifica mui intimamente com seus
desejos inferiores) que a força
interiorizante do Ego não
pode mais separá-lo dela novamente. Por conseguinte,
quando enfim ele
se retira do corpo astral e transfere suas atividades para o
mental, ele perde
um pouco de si mesmo, deixa algo de si para trás aprisionado
na matéria do
corpo astral.
Isto dá um certo resíduo de vitalidade ao cadáver astral, de modo
que ele ainda
se move livremente
no mundo astral, e pode facilmente ser confundido com o
próprio homem pelo
ignorante – ainda mais que tal consciência fragmentária que
ainda permanece
nele é parte do homem, e portanto naturalmente se considera e
fala de si
Num estágio ulterior também este
fragmento de consciência morre no corpo astral, mas não retorna ao Ego a quem
pertencia originalmente. Mesmo então o cadáver astral ainda permanece, mas quando já não possui qualquer traço de sua vida anterior
o chamamos de “casca”. Por si mesma uma casca não pode se comunicar numa
sessão, ou agir de qualquer forma; mas tais cascas são
freqüentemente apanhadas por espíritos da natureza brincalhões e usadas
Quando um homem adormece, ele se
recolhe em seu corpo astral, deixando todo o veículo físico para trás. Quando
morre, leva consigo a parte etérica do corpo físico, e com isso normalmente tem
pelo menos um momento de inconsciência enquanto se livra dela. O duplo etérico
não é um veículo, e não pode ser usado
Tampouco é certo de que quando o homem se livra dele,
imediatamente se torna
consciente do mundo
astral. Pois há nele uma boa quantidade do tipo inferior de
matéria astral, e
assim uma concha feita dela pode se formar ao seu redor. Mas
ele pode ser
de todo incapaz de usar esta matéria. Se ele tiver vivido uma vida
razoavelmente decente
ele estará pouco habituado a empregá-la ou responder às
suas vibrações,
e não pode instantaneamente adquirir este hábito. Por esta
razão, ele pode
permanecer inconsciente até que gradualmente esta matéria se
desprenda, e alguma
matéria que ele tem o hábito de utilizar aflore à
superfície. Esta
oclusão, contudo, dificilmente é completa, pois mesmo na
concha mais cuidadosamente construída algumas partículas da matéria mais fina
ocasionalmente acham
caminho para a superfície e lhe dão vislumbres fugazes das redondezas.
Há alguns homens que se agarram tão
desesperadamente a seus veículos físicos que não afrouxam sua posse sobre o
duplo etérico, mas se empenham com todas as forças em retê-lo. Eles podem
ter sucesso nisso durante um bom tempo, mas só a custo
de grande desconforto para eles mesmos. Eles estão excluídos de ambos os mundos,
e se encontram rodeados de uma densa névoa cinza, através da qual eles vêem
muito fracamente as coisas do mundo físico, mas com
todas as cores perdidas.
Quando a vida astral encerra, o homem por sua vez morre para
aquele mundo, e
desperta no mundo
mental. Com ele não sucede o que sucede ao clarividente
treinado, que se
move através dele e vive por entre o ambiente que encontra lá,
precisamente
Seu corpo mental de modo algum estará completamente desenvolvido;
as partes dele que estarão realmente ativas em plena medida são só as que usou
de modo
altruístico. Quando
ele desperta novamente após a segunda morte sua primeira
sensação é de uma
indescritível beatitude e vitalidade – um sentimento de tão
completo júbilo de
viver que por um tempo ele não precisa de nada além de apenas viver. Tal
beatitude é da essência da vida em todos os mundos superiores do sistema. Mesmo
a vida astral tem possibilidades de felicidade de longe maiores do que qualquer
coisa que pudéssemos conhecer no corpo denso; mas a vida celeste
no mundo
mental é além de todas as proporções mais bem-aventurada que a astral.
Em cada mundo mais elevado a mesma
experiência é repetida. Meramente viver em algum deles parece ser a
mais excelsa beatitude concebível; mas já quando a
próxima é atingida,
parece que ultrapassa em muito a anterior.
Assim
amplitude de visão.
O homem se agita pelo mundo e se imagina tão ocupado e tão sábio; mas quando
toca mesmo o astral, ele percebe incontinenti que tem sido todo o tempo só uma
larva rastejante que não vê nada além da sua própria folha, enquanto agora ele
abre suas asas como a borboleta e voa para a luz do sol de um mundo mais vasto.
Pois, impossível que possa parecer, a mesma experiência se repete quando passa
para o mundo mental, pois esta vida é por sua vez tão mais plena e ampla e mais
intensa que a astral que novamente nenhuma comparação
é possível. E ainda além de todas estas existe ainda uma outra vida, a do mundo
intuicional, para a qual mesmo esta é só
Agora a situação do homem no
mundo mental difere largamente daquela no astral. Lá ele estava usando um corpo
ao qual estava inteiramente acostumado, um corpo que ele tinha o hábito de
empregar a cada noite durante o sono. Aqui ele se encontra
vivendo em um veículo que ele nunca usou antes – um veículo, além do mais, que
está muito longe de estar plenamente desenvolvido – um veículo que o exclui
ainda mais do mundo ao seu redor, em vez de possibilitar-lhe que o veja.
A parte inferior de sua natureza gastou-se durante
sua vida purgatorial, e agora
só lhe restam
seus mais elevados e refinados pensamentos, as nobres e
altruísticas aspirações
que ele cultivou durante sua vida terrestre. Esta
aglomeração o rodeia,
e forma uma espécie de concha em seu redor, por meio da qual ele é capaz de
responder a certos tipos de vibrações nesta matéria
refinada.
Estes
pensamentos que o circundam são os poderes pelos quais ele usufrui da
pletora do mundo
celeste, e a descobre sendo um repositório de extensão
infinita, o qual
ele é capaz de utilizar exatamente de acordo com o poder
daqueles
pensamentos e aspirações; pois neste mundo existe a infinita plenitude
da Mente Divina,
aberta em toda sua ilimitada riqueza a cada
na proporção
em que aquela
completou sua
evolução humana, que já realizou e desdobrou a divindade cujo
germe está nele,
encontra toda esta glória ao seu alcance; mas desde que nenhum de nós ainda o
fez, uma vez que só gradualmente estamos ascendendo em direção daquela
consumação esplêndida, ocorre que nenhum de nós ainda a pode captar inteiramente.
Mas cada um retira dela e a percebe tanto quanto seus esforços
prévios o
prepararam para
fazê-lo. Indivíduos diferentes trazem capacidades diferentes;
dizem-nos no Oriente
que cada homem tem sua própria taça, e algumas taças são grandes e algumas são
pequenas, mas pequenas ou grandes, cada taça é preenchida até o máximo de sua
capacidade; o mar de bem-aventurança guarda mais que o suficiente para todos.
Um homem pode contemplar esta
glória e beleza somente através da janelas que ele próprio tiver feito. Cada uma
destas formas-pensamento é
através da qual
uma resposta pode lhe chegar das forças exteriores. Se durante
sua vida
terrestre ele considerou principalmente coisas físicas, então ele terá
feito para si só
poucas janelas pelas quais esta glória superior pode brilhar
sobre ele. Pois
todo homem que está acima do mais baixo selvagem deve ter tido algum toque de
puro sentimento altruísta, mesmo tendo sido uma única vez em toda sua vida, e
aquilo agora será uma janela para ele.
O homem comum não é capaz de qualquer grande atividade neste
mundo mental; sua condição é principalmente receptiva, e sua visão de qualquer
coisa fora de sua própria concha de pensamentos é do mais limitado caráter. Ele
está rodeado de forças vivas, poderosos habitantes angélicos deste mundo
glorioso, e muitas de suas ordens são muito sensíveis a certas aspirações do
homem e prontamente respondem a elas. Mas um homem
pode tirar vantagem disso só até onde ele já tiver se preparado para
aproveitá-lo, pois seus pensamentos e aspirações estão somente ao longo de
certas linhas, e ele não pode criar subitamente linhas novas. Há muitas direções em que o pensamento superior pode atuar –
algumas delas pessoais e outras impessoais. Entre estas últimas estão a arte, a música e a filosofia; e um homem cujo interesse
resida ao longo de qualquer destas linhas encontra desfrute imensurável e
instrução ilimitada esperando por ele – isto é, a quantidade de desfrute e
instrução é limitada apenas pelo seu poder de percepção.
Encontramos um grande número de
pessoas cujos únicos pensamentos superiores foram aqueles relacionados com
afeto e devoção. Se um homem ama outro profundamente ou se
sente forte devoção por uma deidade pessoal, ele faz uma forte imagem mental
daquele amigo ou deidade, e o objeto de seu sentimento está freqüentemente
presente em sua mente. Inevitavelmente ele leva esta
imagem mental para o céu consigo, porque é àquele nível de matéria que ela
naturalmente pertence.
Tomemos primeiro o sentimento de
afeição. O amor que forma e mantém uma tal imagem
é uma força muito poderosa – uma força que é forte bastante para alcançar e
agir sobre o Ego de seu amigo na parte superior do mundo mental. É aquele Ego que é o homem real a quem ama – não o corpo físico que
é só uma representação tão parcial dele. O Ego do amigo, sentindo esta
vibração, de imediato e avidamente responde-lhe, e se derrama na
forma-pensamento que foi feita para ele; assim pois o amigo do homem está em
verdade consigo mais vividamente presente do que jamais esteve antes.
Assim todo homem em sua vida celeste tem ao seu redor todos os
amigos cuja
companhia deseje, e
estão para ele sempre em sua melhor condição, porque ele
próprio faz por
eles a forma-pensamento pela qual se lhe manifestam. Em nosso
limitado mundo físico estamos tão acostumados a pensar em nossos
amigos só como a manifestação limitada que conhecemos no mundo físico, que a
princípio nos é difícil perceber a grandiosidade do esquema; quando a
percebemos, vemos quão mais próximos estamos da verdade em relação aos nossos
amigos na vida celeste do que jamais estivemos aqui na Terra. O mesmo é verdade
no caso da devoção. O homem no mundo celeste está dois grandes estágios mais
perto do objeto de sua devoção do que estava em sua vida física, e assim suas
experiências são de um caráter muito mais transcendente.
Neste mundo mental, assim
segunda e terceira
são a morada do Ego em seu corpo causal, pois o corpo mental contém matéria
apenas das outros quatro, e é naquelas seções que sua vida celeste transcorre.
O homem não passa, contudo, de uma para outra delas,
Falando em linhas gerais, podemos dizer que a característica
dominante observada na seção inferior é a afeição
familiar altruísta. Deve ser altruísta, ou não encontrará
lugar aqui; todas as cores egoístas, se houver alguma, colheram seus resultados
no mundo astral. Podemos dizer que a característica
dominante do sexto nível é a devoção religiosa antropomórfica; enquanto que a
da quinta seção é a devoção expressa através de algum tipo de trabalho ativo.
Todas estas – a quinta, sexta e sétima subdivisões – estão ligadas à
frutificação da devoção a personalidades (seja à família e amigos ou a uma
deidade pessoal) antes que a
devoção mais ampla
à humanidade por amor a ela, que acha sua expressão na
próxima seção. As atividades deste quarto estágio são variadas. Elas podem
ser
melhor arranjadas
em quatro divisões principais: busca altruísta de conhecimento espiritual; alto
pensamento filosófico ou científico; habilidade literária ou artística exercida
com propósitos altruístas; e serviço por amor ao serviço.
Mesmo para esta vida celeste gloriosa um fim chega, e então o
corpo mental por
sua vez se
desprende
Continuando o progresso, esta vida causal torna-se mais
prolongada, assumindo
uma proporção
sempre maior comparada à existência em níveis inferiores. E à
medida que
cresce, o homem se torna capaz não só de receber, mas também de dar.
Então de fato seu triunfo se aproxima, pois ele estará aprendendo
a lição do
Cristo, aprendendo a glória magna do sacrifício, o supremo
deleite de derramar
toda sua vida
em auxílio de seus semelhantes, a devoção do eu ao todo, a força
celestial do serviço
humano, e todas aquelas esplêndidas forças celestes para a
ajuda aos
lutadores filhos da Terra. Isto é parte da vida que nos aguarda; estes
são alguns do
degraus que mesmo nós que estamos tão perto da base da escada
dourada podemos
ver se elevando acima de nós, de modo que podemos falar deles para os que ainda
não viram, a fim de que eles também possam abrir seus olhos para o esplendor
inimaginável que os rodeia aqui e agora em seu pobre cotidiano.
Esta é uma parte do evangelho da Teosofia – a certeza deste
futuro sublime para
todos. É certo
porque já está aqui; porque para herdá-lo só temos que nos
preparar para ele.
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